quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Governo do Estado de Goiás



Marconi
Ferreira Perillo Júnior



 



Secretária de Estado da Educação



Eliana
Maria França Carneiro



 



Superintendência de Educação à Distância e



Continuada



Lydia
Poleck



 



Gerência de Novas Tecnologias



Zelmi
Silva Mateus



 



Subsecretaria Regional de Educação de Anápolis



Maria
Elisa da Costa Duarte



 



Núcleo de Tecnologia Educacional de Anápolis


Elenir
de Faria Corrêa



 



Idealizadora do Projeto


Sizeny
Narciso de Moraes



 



Colaboradores


Katherine
Seixas Nascimento



 



 


 


 


 


AGRADECIMENTOS


 



A toda equipe do Núcleo de Tecnologia
Educacional de Anápolis, que nos apoiou em todos os momentos, em especial a
professora Katherine Seixas, que colaborou em todas as etapas do projeto. À
professora Lídia Poleck, por não ter medido esforços para a realização
deste livro. Ao jornalista Antônio Dirceu Pinheiro de Souza, que sempre
colaborou na divulgação desse trabalho. E de modo especial a todos os
professores que irão trabalhar estas histórias com seus alunos
.


 



 


 


 


 


APRESENTAÇÃO



 



     
Muitas crianças
carregam na lembrança histórias contadas pelos pais ou avós, e até mesmo por
amigos, na hora em que iam dormir. Essas histórias, além de ativar o sono,
mexiam com a imaginação dos pequenos.


      É
sabido que o ato de ouvir histórias influencia o hábito da leitura e da
interpretação de texto e, nesse sentido, os contos mais simples, por muito
tempo, povoaram a mente de muitas crianças e tornaram-se elementos importantes
para o conhecimento.



Quem não se lembra de Monteiro Lobato, com o Sítio
do Pica Pau Amarelo
? Os encantos
de personagens, muitos deles animais, levam as crianças a viajar por um mundo
de faz de contas que tem sempre um fundo moral.


A idéia do Projeto Histórias do Tempo da Vovó surgiu
justamente da necessidade de resgatar as histórias contadas pelos antepassados
e fazer a multiplicação de uma ação que aproximava as pessoas, valorizava o
idoso e incentivava os pequenos a devorar livros. O Projeto, que tem a participação
de vinte idosos do Centro de Convivência de Idosos, da Prefeitura de Anápolis,
é realizado pelo Núcleo de Tecnologia Educacional de Anápolis, onde eles também
participam do Projeto
Novos
Saberes
, que tem a
intenção de realizar a inclusão digital e melhorar a auto-estima dos mesmos.
E foi do
Novos
Saberes
que tivemos a
idéia de elevar ainda mais a auto-estima dos idosos com o Projeto
Histórias
do Tempo da Vovó.
O primeiro
passo foi demonstrar a arte de contar histórias para os educandos
,
então uma
professora foi
convidada a conta
-lhes histórias. Em
seguida, utilizando o aprendizado em informática adquirido no NTE, os idosos
digitaram e ilustraram as histórias
das
quais se
lembraram.


 



Na Semana do Folclore, eles visitaram escolas e o estúdio de
uma rádio local,
na
oportunidade
contaram as
histórias para alunos e ouvintes. Dada a empolgação com o Projeto, vimos a
necessidade de socializar esse trabalho com a publicação deste livro, que
pretende resgatar histórias de autores desconhecidos, utilizar a capacidade do
idoso

de  fomentar a oralidade
e promover o
gosto
pela
leitura n
as crianças
das escolas da rede estadual de ensino. Esperamos que o nosso projeto seja
apreciado por todos.


 



Sizeny Narciso
de Moraes



Professora
multiplicadora do Núcleo de Tecnologia Educacional e idealizadora do Projeto
Histórias do Tempo da Vovó.


 



 


PREFÁCIO


 



   
Com vistas a acompanhar o
desenvolvimento de Projetos, o Núcleo de Tecnologia Educacional – NTE de Anápolis
vislumbrou a fascinante questão: a inclusão digital da pessoa na terceira
idade.


Entre
inúmeras atividades desenvolvidas com os idosos nasceu o Projeto Histórias do
Tempo da Vovó, com relatos simples, de situações diversas, nas quais essas
pessoas começaram a narrar episódios fascinantes.



Com
seus contos, de entretenimento, conseguiram despertar nos alunos e
telespectadores da comunidade goiana o gosto pela arte de contar histórias.



Esses
idosos renderam às facilidades do mundo virtual para expressarem seus contos de
maneira prazerosa e significativa, resultando na publicação desse livro.



Esse
alcance está sendo extraordinário.



É
um dos compromissos do NTE de Anápolis em disponibilizar às pessoas da
terceira idade o acesso e o uso integrado das tecnologias de informação e
comunicação, favorecendo a aprendizagem de acordo com a necessidade da
sociedade atual.
 


 


 


 


 






 



ÍNDICE


 



O Bicho
Folhaça     9



A Lagartixa
Encantada
     
11



O Lobisomem    
13



O Sapo e o
Veado
   
16



Clarice, a
menina que não falava
     
17



O Coelho
Esperto
e a Onça 
19



O Gigante Feroz    
21



O Menino Rico e
o Menino Pobre
  
23



O Casamento da
Raposa
     
25



Joãozinho e
Mariazinha
     
27



A Disputa na Roça
30



A Flauta Mágica
32



Joãozinho das
Pipocas
34


A Festa no Céu
38



A Pata Quiquita
40



O Coelho e a
Tartaruga

42



O Lobo e a Águia
43



O Homem Caçador
45



O Guerreiro que
não era Homem

47


O
Menino Poquetim e o Lobo 50



A
Onça e o Veado 53



 



 



 
 


 






 


O BICHO FOLHAÇA



 



História de
autor desconhecido, contada por



Amélia Marciano,
66 anos.



 



Era uma vez, o coelho muito esperto que vivia na floresta. A
floresta estava passando por uma

seca muito
grande e quase não havia água para os bichos beberem. Aí o Rei da floresta, o
Leão, convocou a bicharada para uma reunião para sugerir que todos, juntos,
furassem um poço para que todos os bichos da floresta pudessem beber água.


Quando o Rei Leão fez a proposta, logo o amigo coelho levantou
o dedo e disse:



- Eu não vou ajudar a furar poço algum. Eu não preciso dessa
água.



O Rei Leão lhe perguntou:



- Mas como o amigo vai beber água durante toda a seca?  




O Coelho respondeu:



- Eu dou um jeito, sou muito esperto!


Então o coelho saiu da reunião e todos decidiram que, quem não
colaborasse com a furada do poço não beberia água. Os bichos furaram o poço
que deu muita água doce e saborosa. O coelho, que se achava muito esperto,
pensou:



 



- Vou ficar de tocaia e quando os bichos forem embora eu vou, bebo água e ainda encho
as cabaças. Assim ele fez várias vezes. Um belo dia o amigo Macaco percebeu
que a água estava diminuindo muito, que estava acontecendo algo estranho. O Rei
Leão determinou que cada dia um bicho ficaria de plantão durante o dia e a
noite para descobrir o que estava acontecendo. Lá um dia, o amigo coelho sentiu
muita sede e foi beber água, mas, não foi possível, pois tinha sempre alguém
de plantão. Daí ele pensou:


    
-
Vou me lambuzar
de mel na colméia e depois eu rolo nas folhas secas e ficarei irreconhecível,
daí eu posso ir beber água tranqüilo sem que nenhum bicho me reconheça.


Assim ele fez.
Dito e feito, por várias vezes ele bebeu e levou água com tranqüilidade. Os
bichos o chamavam de O Amigo Folhaça. Um dia, o coelho foi beber água disfarçado
de Amigo Folhaça, todo tranqüilo. Quando abaixou na beira do poço para beber
e encher suas cabaças de água, ele escorregou e caiu dentro do poço. Aí as
folhas se soltaram e os bichos perceberam que era o coelho. 
Eles correram atrás d
ele  e
deram-lhe uma
surra. E é por isso que o coelho é arisco e esperto até hoje.
 


 


 


 


 


 





 


A Lagartixa Encantada



 



História de autor desconhecido, contada por


Josefa Maria
Marcondes, 71 anos.



 



Certa vez havia uma família muito pobre.
Ela vivia em um
lugar onde não havia mais condições de sobrevivência. O senhor, responsável
pela família, resolve
u armar uma
arapuca para ver se pegava alguma coisa, algum bicho que servisse de alimento.
Mas sempre encontrava na arapuca uma lagartixa muito teimosa. Ele pegava aquela
lagartixa e jogava bem longe, mas ela sempre voltava.

Assim aconteceu várias vezes.
Toda vez que ele ia ver se tinha algum bicho na arapuca, estava lá a lagartixa.
Até que um dia o homem, com muita raiva, disse para a lagartixa:


- Eu não agüento mais, toda vez que venho você está aqui me
atrapalhando, me impedindo de pegar algum bicho para matar a fome da minha família.





 






E novamente jogou-a bem longe! A lagartixa voltou e disse para o
homem:



- Siga-me! Siga-me!



O homem, que não tinha nada a perder, seguiu a lagartixa que
cada vez mais adentrava a mata escura e fria. Lá dentro da mata a lagartixa
subiu em uma árvore muito alta e disse:



- Siga-me! Não tenha medo! Suba! O homem subiu. A lagartixa
olhou para baixo, pulou e disse:



- Siga-me!Pule! Não tenha medo!



Aí o homem se soltou da árvore e caiu dentro de um lindo
castelo, onde tinha tudo, do bom e do melhor. Quando olhou para o lado, ele viu
a sua esposa com seus filhos. Aí a lagartixa lhe entregou uma chave e disse:



- Nunca abra
aquela porta! Mas, a curiosidade daquela família era muito grande.



Um dia a mulher, muito curiosa, disse para o marido:



    
- Vamos abrir
aquela porta!


    
Ele disse:


    
-
Não, a dona
lagartixa pediu que não abríssemos essa porta!


Mas a mulher insistia. Até que o homem atendeu aos pedidos da
esposa e abriu a porta. Imagine o que aconteceu! A chave era encantada e quando
abriram a porta acabou o encanto. A casa que era um palácio voltou a ser a
mesma casinha de antes.



 



Moral da história: Quando a ambição é maior que
o
homem, vira
bicho e come o dono!


 



 


 


 


O Lobisomem



 



História
de autor desconhecido, contada por



Gorete de Fátima Pereira Domingos, 47 anos.


 



Era uma vez um lobisomem muito faminto. Ele vinha caminhando à
beira da estrada e avistou uma casinha bem distante e foi logo se aproximando
dela. Chegando lá foi logo perguntando à dona daquela casa se ela tinha algo
para ele comer. Ela disse:



- Eu não tenho nada para você, somos muito pobres, vai embora!


  Mas o lobisomem
era muito insistente. A
    


 
pobre mulher
disse:


- Eu só tenho um banquinho.


O lobisomem mais que depressa pegou o banquinho dela e comeu, e
foi tirar uma soneca na sombra de uma árvore que ficava no caminho da bica d’água.
Lá ele roncava e dormia tranqüilo.



No dia seguinte, o lobisomem voltou novamente àquela casa e
disse para a mulher:



- Estou com muita fome, mas muita fome mesmo! Quero comer alguma
coisa!


A mulher disse:



 



- Só tenho um cachinho de banana!


O lobisomem agarrou rapidamente o cacho de banana e comeu.
Novamente saiu para descansar no mesmo lugar. No outro dia o lobisomem faminto
tornou a procurar aquela pobre mulher.



- Quero comer! Tenho muita fome! A mulher falou:


- Não tenho nada para te dar, vá embora!


O lobisomem, muito faminto, dizia:



-  Eu quero algo, estou com muita fome!


A mulher desesperada disse:



- Eu só tenho um porquinho, que estamos cevando para comermos
quando o meu esposo chegar! Vá embora!


O lobisomem não teve pena e agarrou o porquinho e comeu.
Novamente foi para o seu descanso, com a barriga bem cheia, dormia e roncava bem
alto. Ao amanhecer, o lobisomem caminhou em direção daquela casa, e
insistentemente, começou a dizer:



- Quero comer!  Estou
com muita fome!


A mulher, desesperada, chorava muito e dizia:



- Vá embora! Não tenho mais nada. Você já comeu tudo que eu
tinha! Vá embora!  Eu agora só
tenho a minha filha!


O lobisomem, sem dó, nem piedade, comeu também sua filha. E
foi novamente tirar sua soneca na sombra de uma árvore, no caminho da bica d’água.
Lá ele dormia e roncava tranqüilo, de barriga para cima. A pobre mulher
gritava desesperada. Nisso seu marido foi chegando e viu aquele desespero e
perguntou:



- Por que choras tanto? O que foi que aconteceu?


A pobre mulher disse:



- Foi um
lobisomem que comeu tudo que nós tínhamos, agora não temos mais nada! Comeu
até a nossa filha!


O homem ficou furioso e pegou o seu facão bem afiado e disse:



 



- Onde está esse
maldito! Vou matá-lo, agora!


A mulher respondeu:



-Ele está dormindo na sombra daquela árvore, no caminho da
bica d’água.



O homem, desesperado, caminhou em direção
à bica e
, chegando lá encontrou
o lobisomem que
dormia tranqüilo,
de barriga para cima. O homem, furioso, passou o facão na barriga do lobisomem,
e cortou.



Para a surpresa! O que ele encontrou? A menina estava sentada no
banquinho, comendo as bananas, e jogando as cascas para o porquinho!



Que final feliz!